quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ronnie James Dio - Parte 6





UM ENCONTRO ESPERADO

Durante a turnê do Lock Up The Wolves, uma pessoa muito especial se interessou em assistir a uma apresentação de Dio na cidade de Minneapolis. Seu nome era Geezer Butler, o antigo baixista e colega de Black Sabbath.

Geezer e Ronnie não se falavam há sete anos e o baixista sentia que era hora de fazer as pazes. Butler ligou para Wendy Dio perguntando se teria problema aparecer no show ou se seu marido ficaria chateado. Ronnie ficou feliz com a ligação do amigo e respondeu que tudo bem, mas desde que ele subisse no palco para tocar Neon Knights no bis. Geezer concordou e os sortudos fãs estadunidenses presenciaram um momento histórico naquele 28 de agosto. No caminho para o local do show, Geezer perdeu seu baixo e teve de usar um emprestado de Teddy Cook.

Após a apresentação, os dois antigos / novos amigos foram a um bar bater um papo e, cerveja vai, cerveja vem, comentaram como a maravilhosa formação do Black Sabbath do começo da década anterior tinha durado pouco, e se não existia uma possibilidade de trabalharem juntos novamente.

O ponto é que a banda Dio não estava vivendo um bom momento, e Ronnie temia pelo futuro. Do outro lado, o gigante Black Sabbath também vivia uma fase delicada, com várias trocas de formações (Geezer tinha acabado de voltar, após passar bons anos fora), trabalhos sem repercussão, a sombra da reunião com Ozzy Osbourne que nunca acontecia e, claro, o momento fraco do Heavy Metal como um todo nos EUA e Inglaterra.

Ronnie e Geezer ligaram para Tony perguntando o que o guitarrista achava da idéia de uma reunião dos tempos de Heaven and Hell. Iommi achou uma excelente idéia e concordou na hora. Ele sugeriu um contrato simples, de apenas um álbum e uma turnê para todos. Se a reunião desse certo, eles seguiriam. Caso não funcionasse, Ronnie voltaria aos seus projetos. A proposta foi aceita e os planos foram anunciados para a imprensa oficialmente no final de 1990.


A VOLTA AO BLACK SABBATH

Até o começo do ano seguinte, Ronnie deixava claro em entrevistas que sua banda não tinha acabado e a reunião com o Black Sabbath seria algo temporário. Um novo disco do Dio seria lançado até maio e os trabalhos de composição com Rowan Robertson e Jens Johansson estavam a todo vapor. Mas ainda no começo de 1991, Ronnie assumiu que o futuro era incerto, agora que novos planos apareceram, e dispensou os músicos. Para não ficar na mão, ainda em 1992, a gravadora Vertigo colocou no mercado uma coletânea da banda Dio chamada Diamonds.



O mais interessante é que tudo isso foi feito sem que Tony Martin, o então vocalista “oficial” do Black Sabbath, soubesse de alguma coisa. O cara descobriu que não estava mais na banda quando seu empresário ligou e disse “Alô, Tony? Olha, você não precisa ensaiar hoje”, mas ele nunca foi demitido oficialmente e sequer recebeu uma satisfação de Iommi.

Os problemas de relacionamento entre Tony Iommi, Geezer Butler e Ronnie James Dio logo voltaram à tona assim que os três sentaram para conversar sobre o futuro álbum que lançariam. A banda já tinha seu vocalista, guitarrista e baixista, mas para o posto de baterista, a discussão era calorosa.

Tony e Geezer queriam Cozy Powell, o então baterista do Sabbath. Cozy já tinha tocado com Dio na formação clássica do Rainbow e o baixinho gostava do seu estilo, mas não achava que combinasse com um som mais rápido e agressivo. Ronnie sugeria o nome de Simon Wright, o baterista de sua própria banda e veterano do AC/DC.

O impasse estava criado, pois tanto Iommi quanto Geezer não achavam que o estilo de Simon combinava com o Black Sabbath. No meio da discussão, Cozy sofreu um acidente de cavalo que quase o deixou paraplégico e tirou completamente suas condições de tocar por um ano. A banda não fecharia de forma alguma com Simon Wright, então outro nome foi sugerido e acabou agradando a gregos e troianos: Vinny Appice!

Vinny já estava familiarizado com o material da banda, conhecia bem o estilo e foi um fiel companheiro de Ronnie durante todos os anos 80, além de ter gravado o álbum Mob Rules. O baterista concordou com a oferta e o grupo estava novamente completo.

Outra discussão forte foi sobre temas fantasiosos e medievais nas músicas. Tony deixou bem claro a Dio que não queria esse tipo de letra no Black Sabbath e este foi mais um ponto de discórdia entre todos na banda logo nos primeiros meses de reunião.

As brigas ainda no estúdio estavam tão intensas que, cinco meses depois do anúncio oficial da reunião do Black Sabbath com Ronnie James Dio, Tony Iommi teve a cara de pau de ligar para Tony Martin perguntando se ele concordaria em voltar para a banda de onde nunca tinha, oficialmente, saído.

Por conta de todas as divergências que ocorreram no processo de composição das novas músicas, o álbum atrasou mais de seis meses, deixando o pessoal da Warner de cabelos em pé de tanto esperar. O disco chegou às lojas apenas em 22 de junho de 1992, batizado de Dehumanizer.


DEHUMANIZER

Diferentemente do que ocorreu uma década antes, desta vez Geezer Butler contribuiu com várias idéias para as músicas e retomou parte de seu posto de letrista oficial da banda, ao lado de Ronnie James Dio. Assim como o Judas Priest fizera com classe em Painkiller, a banda tentou modernizar o som buscando influências rápidas e pesadas, além do som característico baseado nos riffs de Tony Iommi.

O álbum Dehumanizer é legal, tem boas músicas, mas nem de longe passa perto dos momentos mais inspirados do Black Sabbath ou da banda Dio. O videoclipe de TV Crimes virou quase um hino no programa Fúria Metal da MTV Brasileira e, programa sim, programa não, aparecia para delírios dos bangers tupiniquins.



Outra música que chamava a atenção era Computer God, a faixa de abertura, cuja letra de Geezer fala sobre como os computadores dominam nossas vidas e um dia irão se voltar contra nós para corrigir nossas imperfeições. Mais Exterminador do Futuro, impossível.

A turnê que se seguiu começou em junho de 1992 – veja só – pelo nosso Brasil, com nada menos do que sete shows na primeira passagem da banda por aqui. Quatro desses shows foram em São Paulo, dois no Rio e o outro em Porto Alegre. A apresentação em São Paulo no dia 27 de junho teve um público estimado em 40.000 pessoas, o maior para o qual, tanto Black Sabbath quanto o Dio, tocaram em bons anos, sem contar festivais.

Depois a banda seguiu para a Argentina, Canadá e EUA, onde novamente problemas explodiram e o inevitável aconteceu: Ronnie saiu do Black Sabbath, de novo, em novembro de 1992!

O que ocorreu é que Ozzy Osbourne preparou sua turnê de aposentadoria para aquele ano. Claro que tudo era parte de uma grande estratégia de marketing para atrair fãs desavisados como se fosse a última oportunidade de assistir ao ídolo nos palcos, assim como o Kiss já fez algumas vezes também.

Para o canto do cisne nos palcos, Ozzy chamou os velhos companheiros do Black Sabbath como banda de abertura para duas datas na Califórnia. Tony e Geezer aceitaram o convite, Vinny ficou em cima do muro e Ronnie disse “definitivamente não!”. A birra de Dio era que o velho Sabbath e, claro, ele, seriam inferiorizados frente ao grande ato: a despedida de Ozzy. Isso sem contar que Ronnie acreditava que, ao aceitar abrir os shows, o Sabbath estava planejando uma reunião com a formação original para uma turnê de despedida logo após aqueles eventos, o que enfureceu ainda mais o baixinho (mas acabou não se confirmando por bons anos, como mostra a história).

Ronnie achava uma falta de respeito justo a banda que impulsionou o cara servir de mero trampolim para sua despedida e pediu demissão antes dos shows. Como Ozzy já tocaria o set com sua própria banda e não tinha condições físicas para aguentar duas apresentações seguidas, a banda teve de chamar às pressas Rob Halford, o então ex-vocalista do Judas Priest, para quebrar um galho naquelas duas noites em mais um momento histórico do Heavy Metal. Vinny Appice também tocou nesses shows e depois pulou fora.



SOZINHO NOVAMENTE

Novamente sozinho, e frustrado com a segunda experiência ao lado do Black Sabbath, Ronnie queria apenas remontar sua própria banda e seguir em frente apagando o passado. Vinny Appice tinha ficado feliz por poder trabalhar novamente com o amigo e topou voltar ao Dio. Outro que também estava de volta era o baixista Jimmy Bain, após passar algumas temporadas em clínicas de reabilitação para se livrar do alcoolismo e tocar no projeto WWIII ao lado de Appice entre 1990 e 1991.

Para guitarrista, Ronnie e Wendy novamente recorreram aos bons e velhos anúncios na imprensa e publicaram uma chamada no Los Angeles Times pedindo que os interessados mandassem fitas cassete para análise.

Sem sucesso nessa primeira busca, Ronnie tentou contato com Vivian Campbell no começo de 1993, para reviver a formação clássica do Dio, mas as hostilidades entre os dois falaram mais alto e eles nunca mais teriam qualquer tipo de contato.

Em março daquele ano, após tantas dores de cabeça naquele começo de década, Ronnie percebeu que os velhos problemas relacionados à dependência etílica de Bain continuavam, apesar dos tratamentos. Dessa forma, Jimmy foi novamente demitido da banda antes que pudesse prejudicar o retorno do grupo aos palcos.

Para seu lugar, foi chamado Jeff Pilson, velho amigo de Ronnie dos tempos de Dokken e do projeto Hear ‘n’ Aid. Jeff planejava a reunião da antiga banda, mas assim que recebeu um telefonema, colocou a idéia de lado e topou entrar para o Dio.

A busca pelo guitarrista continuava sem sucesso e quem veio com a idéia salvadora foi Vinny, sugerindo o nome de Tracy Grijalva (mais conhecido como Tracy G.), ex-guitarrista do WWIII e alguns projetos menores. Ronnie entrou em contato com Tracy, fizeram algumas audições e aprovaram o rapaz em julho de 1993.

Ainda naquele ano, todos foram para o estúdio em Los Angeles escrever e gravar o que seria o álbum Strange Highways.


STRANGE HIGHWAYS

Dio estava bem mais tolerante com os colegas. Deixava que todos participassem ativamente na composição das músicas, inclusive das letras, e resolveu fugir um pouco – seguindo a linha Dehumanizer – das fantasias medievais, buscando inspiração em temas modernos e alguma coisa futurista.

Como estratégia de lançamento, Ronnie queria adotar uma tática ousada e inédita até então: o álbum só sairia no continente conforme as datas da turnê fossem agendadas pela região. Desta maneira, o CD (eles já estavam popularizados) sairia primeiro na Europa em novembro de 1993, depois na América do Sul, Japão, América do Norte e finalmente no resto do mundo.

A idéia seria excelente, se em janeiro não tivesse ocorrido um forte terremoto em Los Angeles, obrigando a banda a cancelar algumas datas da turnê e voltar correndo para a cidade onde todos tinham fixado residência. Ninguém se machucou, mas as casas de Vinny Appice e Tracy G. ficaram destruídas. Com o imprevisto, a estratégia de lançamento foi revista e o álbum saiu oficialmente no resto do mundo em março de 1994.

A recepção a Strange Highways foi bastante fria (conseguiu boas vendas apenas no Reino Unido) e o álbum não traz boas lembranças aos fãs do Dio, nem conseguiu emplacar algum videoclipe. A música título, por exemplo, é lenta e pesada, parece bastante um trabalho do Black Sabbath (talvez uma resposta?), mas não tem nada a ver com o que se esperaria de um trabalho da banda de Ronnie.

A faixa Evilution, embora também mais cadenciada e com o jeitão de Sad But True do Metallica, conseguiu trazer alguma esperança de que o Dio ainda tinha muita lenha para queimar e passava apenas por um momento confuso.

Apenas para a turnê, Ronnie queria contratar novamente um tecladista, mas colocou novamente a condição que o músico ficaria escondido atrás das cortinas e não apareceria nos shows. O antigo colega, Jens Johansson, foi contatado, mas rejeitou a proposta dadas as condições desfavoráveis (ainda quero entender o que Dio tinha contra tecladistas). O escolhido, então, foi Scott Warren, músico talentoso que já tinha passagens pelo Warrant.



TURNÊ E BOATOS

A turnê foi bastante longa. Foram dois anos entre 1993 e 1995 (fechando com cinco shows históricos no Brasil, com lotação esgotada), e cheia de reviravoltas e alguns probleminhas.

O desempenho de Tracy G. nos shows, por exemplo, era bastante criticado durante a execução dos solos originais de Tony Iommi e Ritchie Blackmore e Ronnie cogitou substituí-lo em diversos momentos, trazendo de volta Craig Goldy, o que acabou não acontecendo nessa época.

No final de 1994, após a parte norte-americana da turnê, Jeff Pilson, contrariando o que prometera no ano anterior, saiu da banda para participar da reunião do Dokken. Para seu lugar, Ronnie chamou Jerry Best, baixista que tocava no Freak Of Nature, a banda de abertura da parte européia da turnê.

Existiam rumores também de que Vinny Appice poderia voltar ao Black Sabbath em 1995 para o lugar de Cozy Powell (o que nunca aconteceu) e também circulou bastante um boato (esse foi até capa de uma certa revista nacional, que anda em estado vegetativo atualmente), sobre um tal projeto Vienna, que uniria Ronnie James Dio, Steve Vai e Cozy Powell. Eles já até teriam um álbum gravado com o nome de The Master, mas a história nunca foi confirmada e hoje mora apenas na imaginação dos fãs.

Outro boato que correu na metade dos anos 90 seria sobre uma possível volta do Rainbow com Ronnie nos vocais. O vocalista nunca escondeu o orgulho de seus anos à frente da banda e sempre quando perguntado sobre uma possível reunião, dava a enigmática resposta do “nunca diga nunca”.

Ritchie Blackmore, de fato, ressuscitou o Rainbow em 1995, mas com o vocalista Doogie White e sem recuperar a aura mágica dos anos 70. Esse retorno rendeu um único lançamento, o fraco Stranger In Us All.

No final de 1996, em setembro, outro susto envolvendo o Rainbow: a gravadora norte-americana de Dio confirmou oficialmente que o supergrupo sairia em turnê com Ronnie nos vocais e abertura do Great White. Quando o sonho parecia se tornar verdade, Ritchie Blackmore novamente jogou um balde de água fria em todos anunciando a formação de um projeto com sua esposa, Candice. Era a semente do que se tornaria o Blackmore´s Night e o cancelamento de todos os planos referentes ao revival. A histórica banda jamais se reuniria novamente.


ANGRY MACHINES

No começo de 1996, a banda tirou merecidas férias e começou o planejamento para o próximo álbum de estúdio. Ronnie imaginava que, com uma formação estável no grupo, conseguiria voltar ao bom ritmo de produção de um CD novo por ano, como nos anos 80.

A temática novamente teria inspiração em assuntos modernos ou futuristas, deixando de lado a fantasia 
medieval. A versão japonesa do álbum saiu inclusive com uma chocante faixa bônus chamada God Hates Heavy Metal (Deus odeia o Heavy Metal). Seria uma reclamação contra o momento musical vivido? O que importa é que essa música nunca deu as caras em lançamentos ocidentais, talvez temendo a reação de uma sociedade mais conservadora e ainda em anos onde a Internet estava engatinhando.

Apenas para os trabalhos de composição e gravação, o baixista Jeff Pilson deu um tempo com o Dokken e voltou ao Dio. O álbum foi todo produzido até março, com lançamento marcado para abril daquele ano, mas o trabalho acabou adiado para setembro por conta de uma mudança na gravadora européia e suas burocracias contratuais. A idéia era seguir o planejado para o Strange Highways: o CD seria lançado em fases, conforme os lugares por onde a banda passava.

Mais uma vez, mesmo com a nova estratégia, o álbum não teve grandes repercussões no mercado. Algumas faixas são até bacanas. Big Sister, por exemplo, tem uma levada estranha (me lembra a fase alternativa do Soundgarden) e legal, mas tudo era muito diferente do estilo que consagrou a banda.

Para a turnê que viria a seguir, Jeff Pilson seguiu o combinado e voltou ao Dokken. No seu lugar, Ronnie contratou o baixista Larry Dennison, também conhecido como Bones, da banda Country Bones. Sim, um grupo de música Country.

Quando tudo parecia correr bem no início da turnê, várias datas foram canceladas ou tiveram de ser reagendadas por conta de uma pneumonia de Vinny Appice. O lance foi feio e o batera ficou algumas semanas internado em um hospital. Para seu lugar, entrou provisoriamente (por sete shows) James Kottak, o futuro baterista do Scorpions, mas que na época fazia parte do Warrant.



A turnê durou exatamente um ano entre os novembros de 1996 e 1997. Nesse período, a banda passou por EUA, Canadá, Europa e América do Sul, incluindo quatro apresentações no Brasil. A curiosidade fica por conta do show em São Paulo, no festival Skol Rock, ao lado de Dr. Sin, Bruce Dickinson (ainda distante de sua volta ao Iron Maiden, mas com Adrian Smith na banda), Jason Bonham Band e Scorpions

No geral, a parte norte-americana da turnê foi um fiasco, com públicos diários na casa das 700 pessoas, bastante abaixo do que o Dio estava acostumado na década anterior. Já os shows europeus e sul-americanos tiveram em sua maioria a lotação esgotada. O momento nos EUA era totalmente voltado a bandas alternativas pós grunge, Pop e boy bands, então não é de se estranhar essa situação.


INFERNO: LAST IN LIVE

Mesmo com a fraca repercussão do álbum e da turnê do Angry Machines nos EUA, Ronnie achou que era um bom momento para finalmente lançar o seu sonhado disco duplo com um repertório completo do que estava sendo tocado nos shows e não apenas uma amostra, como a que saiu no Intermission.

Apesar da formação contestada (Tracy G. não agradava mesmo), vários shows da parte norte-americana da turnê foram gravados como base para o que se tornaria o melhor álbum ao vivo do Dio, sem exageros.

É difícil descobrir quais shows exatamente serviram como base para o que está no álbum. Minha pesquisa encontrou várias fontes diferentes, mas tudo leva a crer que as gravações vieram de várias apresentações entre novembro e dezembro de 1996, mas também algumas faixas registradas em junho do ano seguinte, talvez como backups para partes que não ficaram legais.

O álbum chegou às lojas em fevereiro de 1998. Não conseguiu nenhum grande destaque de vendas, mas ganhou boas resenhas ao redor do mundo e é um bom disco ao vivo. Vamos apenas tentar ignorar o fato de que as músicas não foram todas gravadas em um mesmo lugar, o que tira um pouco do clima.

O setlist daqueles shows era quase um “best of” da carreira de Ronnie, com clássicos de todas as fases das bandas por onde o vocalista passou. Do Rainbow, vieram versões de Mistreated (originalmente do Deep Purple, mas tocada com os arranjos dos tempos de Rainbow) emendada com Catch The Rainbow, depois Man On The Silver Mountain e Long Live Rock ´n´ Roll. Do Black Sabbath, vieram versões muito boas de Heaven and Hell e The Mob Rules e finalmente do Dio, tínhamos todos os grandes clássicos Holy Diver, Stand Up And Shout, The Last In Line, We Rock, Don´t Talk To Strangers, Rainbow In The Dark, entre outras.

Infelizmente, como nem tudo é perfeito, temos duas faixas com solos (um de bateria e um de guitarra) absolutamente dispensáveis e que poderiam ter virado outras duas músicas clássicas para a alegria dos fãs. Mesmo assim, é um excelente registro ao vivo de uma banda que, longe do auge, ainda continuava com performances matadoras.



ENCONTROS E DESPEDIDAS

O final dos anos 90 foi outro momento de debandada na história do Dio. Primeiro, Vinny Appice foi convidado para substituir Bill Ward no Black Sabbath. Financeiramente, a proposta era bastante interessante e ele deixou a banda no 2º semestre de 1998 para ajudar na turnê de reunião que o pioneiro do Heavy Metal organizava.

A escolha era clara, Vinny já estava familiarizado com o repertório do Black Sabbath, que tinha acabado de voltar com Ozzy Osbourne. Bill, por outro lado, teve complicações cardíacas sérias e ficou um tempo afastado das baquetas, por isso a substituição emergencial.

Para o lugar de Vinny, Ronnie contou novamente com a ajuda do veterano de AC/DC  e grande amigo, Simon Wright.

Dio também atendeu aos pedidos dos fãs, deixou as mágoas de lado e pediu para Craig Goldy retornar ao grupo após mais de uma década sem qualquer comunicação com o ex-colega. A idéia era que a banda contasse agora com dois guitarristas, fazendo um som mais complexo e carregado. O problema é que Tracy G. foi pego de surpresa e não aceitou o posto de “segundo guitarrista”, já que seu “rival” sempre foi reconhecidamente um melhor músico e não se atrapalhava com os antigos solos. Após diversas discussões, Tracy saiu do Dio em junho de 1999.

Depois foi a vez do baixista Jimmy Bain ganhar uma nova chance após os diversos problemas já relatados com o alcoolismo. O músico voltou para a banda no final de 1999, mas não pôde participar de alguns shows naquele período por conta de seu tratamento e só regressou efetivamente no primeiro semestre do ano seguinte.

A banda fez algumas séries curtas de shows em junho e novembro de 1999 na Europa, mas sem novidades sobre um novo álbum de estúdio.

Enquanto rolavam as incertezas, Ronnie foi convidado por Roger Glover para participar da turnê do Deep Purple com uma orquestra. A princípio seriam apenas dois shows no Royal Albert Hall em Londres. O setlist era composto por alguns clássicos e mais alguns números da carreira solo de cada integrante. Neste ponto, Ronnie seria convidado para cantar duas músicas do projeto solo de Glover do qual participou nos anos 70 e ainda participava do bis em Smoke On The Water.

Os shows fizeram tanto sucesso que acabaram virando uma turnê mundial entre 2000 e 2001, passando por Europa, Japão e América do Sul, com três shows no Brasil, todos em São Paulo.

Para a turnê, Ronnie cantava as mesmas músicas das apresentações inglesas, mas também ganhou seu momento “solo” com uma versão matadora de Rainbow In The Dark e da mais recente Fever Dreams (que estaria no Magica, lançado durante a turnê), contando simplesmente com o Deep Purple como banda de apoio. É uma pena apenas que a orquestra não participasse da música.



Curiosamente, ainda enquanto rolavam as apresentações com o Deep Purple, o Dio soltou, sem grande alarde, um novo álbum no mercado e, para a alegria dos fãs, ele era bem legal. 

FIM DA SEXTA PARTE

Nenhum comentário:

Postar um comentário