CARIDADE
METÁLICA
Na metade
da década de 80, com o avanço dos meios de comunicação (a MTV ainda era
uma novidade) e um primeiro processo de globalização, o mundo passou por uma
transformação sócio-cultural bastante intensa. Temas como a ecologia e o
combate à fome se tornaram corriqueiros em revistas, documentários, na escola
onde você estudava e, de uma hora para outra, todos os grandes países
desenvolvidos lançaram seus programas de ajuda humanitária na ONU, que
envolviam – especialmente – a pobreza no continente africano.
O meio
musical, como não poderia deixar de ser, teve uma participação importante em
diversas campanhas estilo Criança Esperança, onde as gravadoras lançavam
determinado single de um artista e parte do lucro seria destinado à
compra de remédios e comida para países subdesenvolvidos, mas lógico que também
servia como um baita marketing hipócrita do tipo “compre nossos discos e ajude
as pobres criancinhas”, coisa que uma certa rede de fast food ainda faz
muito bem nos dias de hoje.
Com o
passar do tempo, artistas se uniram em prol dessas causas de uma maneira mais
organizada e, realmente, boas intenções por trás. As ações foram se
intensificando e resultaram no famoso projeto We Are The World no começo
de 1985, encabeçado por Michael Jackson e Lionel Ritchie,
arrecadando cifras astronômicas (para a época): em torno de US$ 52 milhões
apenas em doações de comida para os africanos.
O We
Are The World foi o projeto nesta linha mais bem sucedido, mas não foi o
pioneiro. No ano anterior, um grupo de músicos britânicos lançou o Band Aid
(não confundir com o medicamento homônimo), com integrantes do U2, Duran
Duran, Phil Collins e outros nomes que você não deve mais se
lembrar.
Enfim,
foi uma moda “do bem” dos anos 80 e, como tal, sumiu sem deixar lembranças, mas
você deve estar se perguntando por que mencionei esses projetos se o tema deste
especial é o Rock pesado e o Metal do baixinho mais carismático do planeta?
Pois é, meu caro, Ronnie James Dio também encabeçou um destes projetos, o Hear
‘n’ Aid, em 1985.
A idéia
surgiu com Jimmy Bain e Vivian Campbell que, quando participavam de uma
campanha para caridade em uma rádio de Los Angeles, perceberam que a adesão de
músicos de Heavy Metal para este tipo de coisa era muito baixa e resolveram
criar um projeto apenas envolvendo músicos de bandas desse estilo. A idéia foi
encaminhada para Ronnie James Dio, que aprovou a coisa, se uniu aos outros dois
escrevendo a música We´re Stars e recrutou um seleto grupo de amigos
para participar do registro oficial da coisa.
Em maio
de 1985, Dio, Bain, Campbell e outros cerca de 40 músicos entraram em estúdio
para a gravação oficial da música. Entre as bandas que participaram do projeto
e apareceram de alguma maneira (solando, fazendo backing vocals ou tocando),
estão, além do Dio, músicos do Iron Maiden, Judas Priest, Quiet
Riot, Mötley Crüe, W.A.S.P, Dokken, Queensrÿche,
Twisted Sister, os mestres fictícios do Spinal Tap, entre outros.
Para
completar o setlist do disco e dos singles que seriam lançados,
as bandas do projeto e algumas outras disponibilizaram versões ao vivo de seus
clássicos, chamando a atenção do público por uma causa nobre. Até o Kiss,
quem diria, entrou na história cedendo uma gravação bem legal de Heaven’s On
Fire.
Infelizmente,
problemas legais tentando unificar contratos das gravadoras de todo esse povo
atrasaram o lançamento do Hear ‘n’ Aid em quase um ano e, quando chegou
às lojas, já não tinha mais o apelo que se esperava. A moda já tinha passado e
o projeto arrecadou “apenas” US$ 1 milhão, devidamente doados na metade de
1987. Fique com o videoclipe oficial do projeto, juntando toda a galerinha do
barulho. Destaque para as mãos delicadas de Blackie Lawless aos 3 minutos e 26
segundos.
INTERMISSION
Com a turnê do Sacred Heart agendada e uma formação entrosada, Ronnie começou a negociar com sua gravadora, Warner, para o lançamento de um álbum ao vivo duplo, que registrasse fielmente o que era um show dos caras naquele momento: duas horas de clássicos do Rainbow, Black Sabbath além de, claro, um apanhado das principais músicas da carreira “solo”, que foi muito bem recebidas nos anos anteriores. Era um lançamento que Dio tinha certeza que venderia como água.
Com a turnê do Sacred Heart agendada e uma formação entrosada, Ronnie começou a negociar com sua gravadora, Warner, para o lançamento de um álbum ao vivo duplo, que registrasse fielmente o que era um show dos caras naquele momento: duas horas de clássicos do Rainbow, Black Sabbath além de, claro, um apanhado das principais músicas da carreira “solo”, que foi muito bem recebidas nos anos anteriores. Era um lançamento que Dio tinha certeza que venderia como água.
Antes de
conseguir a aprovação, dois shows foram gravados em abril de 1985 na Califórnia
e, quando os trabalhos de mixagem começariam, a nossa querida Warner acendeu
sinal vermelho para o ambicioso projeto, permitindo que Dio lançasse apenas um
mini álbum de pouco mais de meia hora, pois um disco duplo não seria
comercialmente viável nas palavras dos chefões da empresa.
Para
zicar ainda mais o projeto ao vivo, ainda durante a turnê do Sacred Heart,
em março de 1986, após o fim dos shows da perna norte-americana e antes de
embarcar para a Europa, a banda sofreu sua primeira baixa: Vivian Campbell foi
sumariamente demitido. Apesar de alegar desentendimentos musicais em
entrevistas naquele ano, o motivo da expulsão do guitarrista foi uma bela
batalha de egos com Ronnie nos bastidores que perdurou até o fim de sua vida.
Campbell
sempre alegou que boa parte do sucesso dos primeiros álbuns da banda Dio
se deve à sua contribuição. Ao longo dos anos, os dois se alfinetaram em
entrevistas e Vivian foi provavelmente a única pessoa que nunca fez as pazes
com o baixinho até seu falecimento. Pelo contrário, em depoimento de 2003,
feito na
página oficial do Def Leppard, o guitarrista afirmou que Ronnie, apesar de sua
potente voz, sempre esteve mais interessado no dinheiro do que qualquer outra
coisa e foi uma das pessoas mais malvadas do meio musical com quem ele
conviveu.
A última
colaboração entre Vivian e Ronnie foi o The Dio EP, um disco que saiu
apenas na Inglaterra em maio de 1986, com uma faixa inédita de estúdio, Hide
In The Rainbow, utilizada na trilha sonora do filme Águia de Ferro.
Picuinhas
à parte, após sair do Dio, Vivian Campbell foi para o Whitesnake
e depois para o Def Leppard, onde seguiu seu bom trabalho e acumulou
fortuna considerável.
O
substituto para Vivian foi o jovem guitarrista Craig Goldy, que Dio já conhecia
dos demos de sua ex-banda, Rough Cutt. Sim! Aquela mesma que também
trouxe provisoriamente Jake E. Lee anos antes, além do tecladista Claude
Schnell. Craig tinha fama de filhote de Ritchie Blackmore, com um estilo de
tocar bastante parecido. A estreia do novo músico ocorreu um mês após sua
entrada oficial na banda, em quatro de abril de 1986, num programa da TV
inglesa chamado Live At The Tube.
Com o
novo guitarrista, a banda seguiu a turnê européia e depois em algumas datas
pelos EUA, Canadá, Austrália e Japão até encerrar a maratona em outubro de 1986
com uma apresentação em Porto Rico.
Neste intervalo
de shows, o sentido de lançar um álbum ao vivo que mostrasse todo o
entrosamento do grupo se perdeu com a saída de Vivian. Craig tinha acabado de
entrar e os fãs não sabiam ainda o que esperar do novo guitarrista. Ronnie
mudou a estratégia e compôs uma única música nova, Time To Burn, para
que o novo músico fosse “apresentado” oficialmente.
A versão
dessa música que aparece no Intermission foi gravada em estúdio, mas o
resto do álbum continuava sendo o antigo material registrado em 1985, ainda com
Vivian.
Seguindo
a idéia (imposição) da gravadora, o álbum foi lançado mesmo como um EP “ao
vivo”, com seis músicas, que não representavam de maneira alguma o que seria um
show completo do Dio. Para mostrar ainda quem mandava, Ronnie produziu o
disco e fez questão de mixar a guitarra de Vivian bem baixinha, quase inaudível
para os padrões normais, o que nos remete diretamente às acusações de Tony
Iommi na época do Live Evil do Black Sabbath. No final das
contas, o que deveria ser um registro memorável da boa fase que a banda vivia
acabou se transformando em uma piada de mau gosto. Hoje em dia, o trabalho mal
é lembrado e os fãs tiveram de esperar uma década até que o Dio lançasse
um full length ao vivo decente.
DREAM
EVIL
Com um
novo guitarrista no grupo, Dio começa o processo criativo para o novo álbum em
dezembro de 1986, mas sem pressa, deixando que Craig ganhe bastante
entrosamento com seus novos companheiros por alguns meses.
As
gravações começam em março, em Los Angeles, e seguem por dois meses. O álbum
chega às lojas oficialmente em 21 de julho de 1987 e consegue bons destaques
tanto nos EUA, quanto na Inglaterra. O single de I Could Have Been a
Dreamer chega à 33º posição das paradas.
Hoje em
dia, o Dream Evil se tornou um álbum cult, crescendo com o passar
dos anos e figurando - tempos depois - na lista dos melhores trabalhos do
baixinho, mas na época não despertou tanto o interesse. Não chega a ser
comparado à qualidade do Holy Diver, mas é unânime que é um dos seus
discos mais sólidos, com todas as faixas se destacando. O estilo mais melódico
de Craig Goldy, em alguns momentos lembrando a parceria de Ronnie com Blackmore
(Over Love sempre me lembrou muito Rainbow), se encaixou bem sem
fazer com que a banda perdesse sua identidade.
A banda Dio
vinha de dois prêmios seguidos, em 1985 e 1986, como melhores shows do ano nas
revistas especializadas e, para a nova turnê, Ronnie não poupou esforços. O
palco contava com uma gigantesca aranha de aço, cavaleiros e, em alguns
estádios onde cabia, um Denzil que cuspia fogo de verdade. Era a época dos
exageros e todas as grandes bandas de Rock competiam entre si para ver quem
conseguia colocar mais efeitos especiais no palco.
O
problema eram os custos para transportar todos os equipamentos e a capacidade
dos estádios em receber tal pirotecnia, por isso os shows dessas bandas -
naquela época - se concentravam quase que exclusivamente nos EUA e Europa, que
já tinham estruturas de palco padronizadas para tanto e, consequentemente,
custos menores em transporte e manutenção. Por esse motivo, nós, brasileiros,
quase passamos a década de 80 batidos, sem shows desses gigantes.
A turnê
de Dream Evil não foi diferente: começou em Irvine na Califórnia em um
show beneficente com a participação de Yngwie Malmsteen, Don Dokken, Ron Keel e
Frankie Banali na música Stars, em agosto de 1987. Depois foi para a
Europa e fechou com algumas datas no Canadá e EUA, novamente em março do ano
seguinte, sem passar nem por Japão e Oceania, figurinhas batidas em giros pelo
mundo.
O giro
também foi marcado por alguns problemas, como toda grande turnê que se preza:
quando os roadies desembarcavam um sintetizador de US$ 100 mil no
aeroporto de Helsinque, Finlândia, derrubaram o aparelho que estraçalhou sem dó
no chão.
Mais para
frente, quando a banda seguia para uma apresentação no festival Monsters Of
Rock na Alemanha, um dos caminhões que transportava os instrumentos
musicais quebrou no meio da estrada. Enquanto o motorista tentava parar algum
carro para conseguir ajuda, sete automóveis colidiram contra o tal caminhão
causando prejuízos financeiros consideráveis a todos.
Para o
show do Monsters, a banda teve de usar instrumentos musicais emprestados
de outras bandas que se apresentariam. As baquetas da bateria, inclusive, foram
doadas pelo Helloween.
Logo após
o fim da turnê mundial do Dream Evil, Ronnie se uniu novamente ao
guitarrista Yngwie Malmsteen, George Duke e James Brown para um projeto chamado
Shanghai Aid. O projeto realizou alguns shows na China com bandas russas
para ajudar vítimas de desastres naturais, mas nunca teve grandes repercussões
e, devido ao fechamento político e cultural do país asiático na época, é
praticamente impossível encontrar registros por aí. Malmsteen reencontraria Dio
apenas em 1999 para a gravação de Dream On, cover do clássico de
1973, para um tributo ao Aerosmith.
DEBANDADA
GERAL
A
sequência de eventos após o fim do ciclo Dream Evil não é nada animadora
para os fãs da banda: primeiro, logo após o fim da turnê, Craig Goldy pede
demissão alegando diferenças pessoais e vontade de trabalhar com outros estilos
musicais. Ronnie e Craig continuaram amigos e eventualmente voltariam a
trabalhar juntos anos mais tarde.
Na
sequência, o tecladista Claude Schnell e Jimmy Bain são demitidos na metade de
1989, durante o processo criativo para o novo álbum de estúdio, por problemas
pessoais. Claude nunca mais conseguiu se destacar no meio musical em uma grande
banda e vive tocando atualmente em barzinhos de São Francisco com seu próprio grupo.
O caso do
Jimmy Bain é um pouco mais complexo. O baixista foi demitido novamente por seus
vícios em bebedeiras e problemas por performances comprometidas pelo
alcoolismo, exatamente o que causou sua saída do Rainbow na década
anterior. Dio e Jimmy trocaram farpas pela imprensa por bons anos, mas fizeram
as pazes e voltaram a trabalhar juntos anos depois.
Alguns
meses mais tarde, em dezembro, foi a vez do amigo de longa data de Ronnie,
Vinny Appice, dar adeus à banda, para trabalhar com Jeff Pilson, o ex-baixista
do Dokken. A princípio, o baterista faria apenas uma participação
especial no álbum do amigo, mas a coisa acabou engrenando e Vinny preferiu uma
mudança total de ares dado o futuro incerto da banda Dio após a saída
dos demais integrantes.
Com a
debandada geral, Ronnie começou uma longa busca pelos substitutos, mas a
situação nos EUA, comercialmente falando, não estava nada fácil: a MTV só tinha
olhos para o Glam e um certo movimento que começava a surgir em Seattle.
O Heavy Metal sobrevivia no underground com a exploração de seus limites
mais barulhentos do Death. Por outro lado, um novo e promissor mercado surgia
na Europa, especialmente na Alemanha, com a explosão do Metal Melódico.
A virada
da década de 80 para 90 e alguns anos seguintes foram, sem dúvida, o pior
momento na história do Heavy Metal.
"A
MORTE DO METAL"
Exatamente
como ocorreu na metade dos anos 70 com o Hard Rock setentista, a molecada dos
EUA e da Inglaterra, dois dos principais mercados fonográficos mundiais, não
queria mais aquele som complexo e passou a procurar alguma coisa mais simples e
crua para curtir. 20 anos antes foi a vez do Punk representar essa nova sonoridade, e
agora começaria a moda do Grunge de Seattle, com Nirvana, Pearl Jam
e Soundgarden encabeçando a nova lista de queridinhos da mídia.
Que fique
claro que qualquer uma dessas novas “modas” não surge do nada. Existe um forte
interesse das gravadoras por trás e, por conseqüência, da própria MTV, que
dependia dessa relação inescrupulosa para sobreviver com seus videoclipes, já
que ainda não existiam os realities shows e programas
comportamentais que respondem pela sua programação hoje.
Desta
maneira, a emissora estadunidense declarou a morte do Metal e cancelou entre
1990 e 1993 quase todos os programas voltados ao gênero, mantendo apenas clipes
esporádicos de bandas que teimavam em permanecer entre os grandes, como Metallica
e Pantera.
Interessante
notar que o conceito de “Heavy Metal” para o padrão norte-americano é diferente
do nosso, pois envolve uma gama bastante ampla de estilos, indo desde o Hard
Rock do Aerosmith até o Death Metal do Cannibal Corpse, passando
pelo Glam do Poison, então cuidado para não acabar confuso ao assistir
gravações antigas do tradicional Headbanger´s Ball e ver um videoclipe
nada a ver lá no meio da programação.
Para
piorar a situação do Heavy Metal, alguns dos grandes nomes do gênero, como Iron
Maiden e Judas Priest, sofriam com a saída de seus vocalistas mais
clássicos (não os originais) e a perda da identidade sonora.
Nem tudo,
no entanto, era caos. O péssimo momento vivido na América do Norte e Reino
Unido abriu portas para que bandas de outros países acabassem tendo uma chance
no concorrido mercado. Foi assim que o nosso Sepultura conseguiu ganhar
projeção lá fora e as bandas alemãs Helloween, Gamma Ray e Blind
Guardian também conseguiram se consolidar popularizando o Metal Melódico no
resto do mundo, inclusive por aqui.
Outro
fato importante que mudou a cena musical no começo dos anos 90 é que, já que os
estadunidenses e ingleses não estavam mais tão interessados em shows de Metal,
as bandas passaram a olhar com mais carinho nosso querido terceiro mundo, e aí
Brasil, Argentina, Chile e México viraram rotas certas nas grandes turnês que
as bandas faziam para sobreviver.
LOCK UP
THE WOLVES
No meio
de toda essa bagunça cultural, Ronnie James Dio e sua banda viviam também um
momento delicado. Dos músicos da fase de sucesso dos anos 80, apenas o baixinho
continuava no grupo, e pressões da gravadora por um novo lançamento acabaram
forçando o vocalista a convocar novos integrantes às pressas, o que, claro,
refletiria na qualidade do material que estava para ser composto.
Para a
posição de guitarrista, Ronnie e Wendy colocaram um simples anúncio nas
principais revistas de Rock dos EUA e Inglaterra com os dizeres “banda grande
de Rock procura guitarrista. Interessados favor enviar fita com gravações para
o endereço X (com opções tanto em Los Angeles, quanto Londres, dependendo de
onde a revista era publicada)”. Mesmo sem identificar que se tratava da banda Dio,
a maioria dos músicos interessados tinha alguma idéia de quem era o autor do anúncio. A saída de Craig
Goldy teve uma boa repercussão no ano anterior e eles eram o único grupo grande
sem guitarrista
Ronnie
recebeu e ouviu aproximadamente 5.000 fitas demo. Dentre os trabalhos
interessantes, se destacava um jovem guitarrista inglês de Cambridge chamado
Rowan Robertson, de apenas 18 anos.
A
princípio, Rowan foi recusado por sua idade, apesar do enorme talento. Ronnie
temia pelo que a vida na estrada poderia fazer com alguém nessa faixa etária e
buscava músicos com mais experiência.
Mas Rowan
não desistiu! Incentivado pelo amigo Sean Manning (guitarrista do Quiet Riot),
entrou em contato com o fã clube da banda, para onde enviou uma nova fita demo
com uma versão de The Last In Line. Ronnie gostou bastante do material,
mas continuava em dúvidas sobre a idade do rapaz. De qualquer forma, ligou para
o guitarrista e pediu que ele enviasse um vídeo tocando alguma coisa para
estudar sua performance.
Robertson
gravou um videoclipe caseiro bem tosco com sua própria banda, Shoot The Moon,
e enviou para o baixinho. Encantado com a força de vontade do cara, Ronnie
pagou uma viagem até Los Angeles em fevereiro de 1989 para uma série de testes.
Após o segundo teste, Rowan Robertson estava efetivado no cargo de novo
guitarrista da banda Dio.
Para a
posição de baixista, a procura foi bem menor. Ronnie acabou aceitando a
indicação da gravadora por Teddy Cook, músico de uma banda menor de Nova Iorque
chamada Hotshot, que não tinha experiência com Heavy Metal ou grande
público. Nos teclados, o escolhido foi Jens Johansson, aquele mesmo que hoje em
dia costuma urinar nos colegas do Stratovarius durante os shows.
Johansson, na época, tocava na banda de Yngwie Malmsteen e foi indicação
do próprio para o amigo Ronnie, com uma condição: o tecladista teria que
aparecer no palco, nada de ficar escondido atrás das cortinas.
Na
bateria, a coisa era mais complicada, pois Vinny Appice sempre foi o grande
parceiro musical de Ronnie no Dio. O escolhido foi um velho e experiente
amigo, Simon Wright, então baterista do AC/DC.
A idéia
era que Simon apenas ajudasse Ronnie na gravação do novo álbum e então voltasse
ao AC/DC para o próximo álbum de estúdio dos australianos, mas feliz com
a nova casa, o baterista pediu demissão do antigo grupo e entrou
definitivamente no mundo mágico do Dio em março de 1990.
Com a nova banda completa, Ronnie imediatamente convocou os músicos para a gravação do álbum e utilizou algum material ainda composto com a ajuda de Bain e Appice. Todo o processo durou menos de um mês, entre março e abril, e o disco chegou às lojas já em 15 de maio de 1990.
Com a nova banda completa, Ronnie imediatamente convocou os músicos para a gravação do álbum e utilizou algum material ainda composto com a ajuda de Bain e Appice. Todo o processo durou menos de um mês, entre março e abril, e o disco chegou às lojas já em 15 de maio de 1990.
No final
das contas, Lock Up The Wolves não é um trabalho ruim, mas reflete o
momento de incertezas e falta de inspiração que a banda vivia. Mesmo assim,
talvez pela expectativa dos velhos fãs, o álbum vendeu bem tanto nos EUA quanto
na Inglaterra.
O momento
ruim no mercado de Heavy Metal refletiu diretamente na turnê agendada: apenas
cinco meses de shows, entre maio e outubro de 1990, cobrindo EUA, Canadá e
poucos países da Europa. Para piorar, o Dio foi colocado como banda de
abertura do Metallica, o que o vocalista encarava como uma ofensa ao seu
legado.
O palco
também era o mais modesto de todas as turnês, com apenas alguns efeitos
pirotécnicos e um pano de fundo com a capa do disco. Os fogos cobraram seu
preço e, em cinco de agosto, acabaram explodindo bem próximos a Jens,
nocauteando o tecladista por alguns instantes.
FIM DA QUINTA PARTE
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