As experiências de quase morte já foram abordadas em outros post no
caixa de pandora, porém por ser um assunto bem complexo eu decidi fazer
um post somente para elas.
As EQMs (experiências de quase-morte) são bastante comuns hoje em
dia, e se incorporaram à linguagem cotidiana. Frases como “minha vida
inteira passou como um flash diante dos meus olhos” e “ir para a luz”
vêm de décadas de pesquisas sobre essas experiências estranhas e
aparentemente sobrenaturais pelas quais passam pessoas à beira da morte.
Mas o que exatamente são as EQMs? Alucinações? Experiências
espirituais? Provas de que há vida após a morte? Ou são simplesmente
alterações químicas no cérebro e órgãos sensoriais nos momentos que
antecedem a morte?
Neste artigo, discutiremos o que torna uma experiência uma EQM e
quem passa por ela. Também vamos explorar teorias espirituais,
filosóficas e científicas sobre por que elas acontecem.
O Dr. Raymond Moody popularizou o termo “experiência de
quase-morte” em seu livro escrito em 1975, “Vida após a vida”. Esse
livro chamou a atenção das pessoas para o conceito de experiência de
quase-morte, mas relatos dessas experiências sempre ocorreram através da
história.
Uma experiência de quase-morte é uma experiência na qual uma pessoa
perto da morte ou sofrendo de algum trauma ou doença que possa levar a
ela percebe eventos que parecem ser impossíveis, não usuais ou
sobrenaturais. Apesar de haver muitas dúvidas sobre as EQM, uma coisa é
certa – elas existem. Milhares de pessoas realmente perceberam sensações
similares enquanto estavam próximas da morte. O debate é se elas
realmente experimentaram ou não o que perceberam.
Características comuns
- Tranquilidade - essas sensações podem incluir paz, aceitação da morte, conforto físico e emocional;
- Luz intensa, pura e radiante - às vezes essa luz intensa (porém não dolorosa) preenche o quarto. Em outros casos, a pessoa vê uma luz que sente representar o Céu ou Deus;
- Experiências fora do corpo (EFC) - a pessoa sente que deixou seu corpo. Ela pode olhar para baixo e ver o corpo, geralmente descrevendo a visão dos médicos trabalhando nele. Em alguns casos, o “espírito” da pessoa voa para fora do quarto, para o céu ou até para o espaço;
- entrando em outra realidade ou dimensão - dependendo das crenças religiosas da pessoa e da natureza da experiência, ela pode perceber esse domínio como o Céu ou, em raros casos, como o Inferno;
- seres espirituais - durante a EFC, a pessoa encontra “seres de luz”, ou outras representações de entidades espirituais. Ela pode perceber esses seres como entes queridos que morreram, anjos, santos ou Deus;
- o túnel - as pessoas se vêem em um túnel com uma luz no final, no qual podem encontrar seres espirituais;
- comunicação com espíritos - antes que a EQM termine, muitas pessoas relatam alguma forma de comunicação com um ser espiritual. Essa é geralmente expressa como uma “forte voz masculina”, dizendo que ainda não chegou sua hora e ordenando que volte para seu corpo. Algumas pessoas relatam que foram convidadas a escolher entre ir para a luz ou voltarem para seu corpo terreno. Outras sentem que foram compelidas a retornar para o corpo por um comando sem voz;
- revisão da vida - A pessoa vê a vida inteira em um flashback. Isso pode ser algo muito detalhado ou bastante breve. Ela pode também perceber alguma forma de julgamento vindo de entidades espirituais próximas.
Características não-comuns
Algumas EQMs têm elementos que sustentam poucas semelhanças com a
experiência de quase-morte “típica”. Segundo pesquisas, algo em torno de
1% a 25% dos indivíduos não experimenta sensações de paz, não visita o
céu e nem encontra espíritos amigáveis. Ao invés disso, sentem-se
atemorizados e são abordados por demônios ou duendes maliciosos. Eles
podem visitar locais que se encaixam nas descrições bíblicas do Inferno,
incluindo fogo, almas atormentadas e uma sensação de calor opressivo.
Menos comuns são os relatos de EQMs compartilhadas, onde alguém
ligado à pessoa que está morrendo a acompanha em sua jornada fora do
corpo. Isso pode tomar a forma de um sonho que ocorre no mesmo momento
em que a pessoa estava próxima da morte. Crianças também passam por EQM.
As muitos novas tendem a relatar experiências surrealistas com alguns
dos elementos comuns das EQMs, mas à medida que elas se tornam mais
velhas, o ensino religioso geralmente colore suas EQMs com uma conotação
mais espiritual, tal como encontrar Deus ou Jesus.
Uma pequena porcentagem de pessoas que passaram por EQMs relatam
visões proféticas que lhes revelaram o destino da Terra e da humanidade.
Trata-se geralmente de uma visão apocalíptica, mostrando o final dos
tempos, mas alguns relatam visões da humanidade evoluindo em seres
superiores. Um grupo de pessoas que não se conheciam relatou que o mundo
terminaria em 1988.
Quem passa por uma EQM
Em 1982, o pesquisador George Gallup Jr. e o autor William Proctor
publicaram “Aventuras na imortalidade”, um livro sobre EQM baseado em
duas pesquisas do Instituto Gallup abordando especificamente a quase
morte e a crença na vida após a morte. Esse levantamento continua sendo a
fonte mais usada para estatísticas sobre EQM.
Gallup e Proctor descobriram que 15% de todos os americanos que
passaram por situações de quase-morte relataram EQMs. Dessas, 9%
incluíam uma “experiência clássica fora do corpo”, 11% incluíam entrar
em outro domínio ou dimensão e 8% salientavam a presença de seres
espirituais. Somente 1% relatou EQMs negativas. Mas esses dados têm mais
de 20 anos e outros pesquisadores, cujos estudos foram, geralmente,
feitos em menor escala, relatam estatísticas sobre EQMs, que podem
variar bastante do levantamento feito em 1982.
Uma análise estatística de mais de 100 indivíduos que tiveram EQM
revelou que as crenças religiosas prévias e o conhecimento prévio destas
experiências não tinham um efeito considerável na probabilidade de se
ter uma EQM.
Outra pesquisa enfocou o efeito de uma EQM sobre a vida do indivíduo.
Kenneth Ring, um dos mais prolíficos pesquisadores e autores de estudos
sobre EQM, relata um grande número de indivíduos que adquiriram
autoconfiança e se tornaram mais extrovertidos após a experiência. Um
dos estudos de Ring quantificou as mudanças nas atitudes do indivíduo
para com a vida, que geralmente incluem um maior senso de propósito
e apreciação da vida, um aumento na compaixão, paciência e compreensão,
assim como uma sensação geral de força pessoal. Uma pequena porcentagem
de indivíduos relatou sensações de medo, depressão e enfoque na morte.
Ring também verificou que as pessoas que passam por EQM tendem a
perceber um aumento no senso de sentimentos religiosos e crença em um
mundo espiritual. Contudo, ele observa que isso não necessariamente se
traduz em uma freqüência maior na igreja – é mais crescimento pessoal e
interior nos sentimentos religiosos e espirituais. Finalmente, pessoas
que passam por EQMs geralmente percebem que não temem a morte e sentem
que uma experiência positiva estará esperando por elas quando realmente
morrerem.
Teoria sobrenatural
As teorias que explicam as experiências de quase-morte caem em duas
categorias básicas: explicações científicas (incluindo médicas,
fisiológicas e psicológicas) e explicações sobrenaturais (incluindo
espirituais e religiosas). Obviamente, essas últimas não podem ser
provadas nem negadas. A aceitação das explicações sobrenaturais
baseia-se na fé e no contexto espiritual e cultural.
A explicação sobrenatural mais comum é que alguém que passa por uma
EQM está, na verdade, experimentando e lembrando de coisas que
aconteceram com sua consciência não corpórea. Quando estão próximas da
morte, suas almas deixam o corpo e começam a perceber coisas que
normalmente não perceberiam. A alma passa pela fronteira entre o nosso
mundo e o pós-vida, geralmente representada por um túnel com uma luz no
final. Enquanto está nessa jornada, a alma encontra-se com outras
entidades espirituais (almas) e pode até encontrar uma entidade divina,
que muitas pessoas percebem como sendo Deus. Eles vêem um relance de
outra realidade de existência, geralmente interpretado como Céu, mas são
trazidos de volta, ou escolhem voltar, para seu corpo terreno.
A crença em projeção astral liga as EQMs com outras formas de
experiência fora do corpo. A projeção astral é a habilidade de um “ser
astral” viajar fora do corpo. Em uma EQM, esse ser astral, ou alma,
deixa espontaneamente o corpo e percorre livremente outros lugares.
Alguns poucos casos de EQM parecem oferecer provas de que as pessoas
realmente experimentam eventos de um ponto de vista diferente daquele do
seu corpo terreno. Pessoas que estavam inconscientes e sem reação, que
tiveram os olhos fechados ou foram declaradas clinicamente mortas,
relatam detalhes dos procedimentos nelas aplicados e das pessoas
presentes no quarto. Há relatos de pessoas com cegueira permanente que
passaram por uma EQM e foram capazes de identificar, por exemplo, a cor
da camisa do médico.
Para aqueles com fortes crenças na teologia judaico-cristã, as EQMs
representam uma prova de que possuímos almas, que elas continuam a
existir depois que morremos e que Céu e Inferno são lugares reais.
Alguns acreditam que as EQMs são obra de Satanás, que tenta explorar a
vulnerabilidade das pessoas naquele momento, aparecendo como um “anjo de
luz”. O objetivo de Satanás com essa farsa não é claro.
Outras teorias são um pouco mais esotéricas. Alguns acreditam que
uma EQM representa uma ligação psíquica com seres inteligentes
superiores de outra dimensão. Estes seres podem ser humanos, que
evoluíram suas almas superando o ciclo nascimento-morte-reencarnação,
oferecendo desse modo um relance do futuro da humanidade como seres
espirituais superiores. Às vezes, uma EQM pode até oferecer uma visão
literal do futuro, como nas experiências com profecias apocalípticas
mencionadas anteriormente.
É interessante observar que as religiões não judaico-cristãs têm
histórias e descrições da morte que parecem explicar muitos dos traços
comuns das EQMs. O budismo, por exemplo, descreve a “clara luz da
morte”, assim como as incorporações demoníacas das falhas morais. A meta
da alma é identificar tanto a luz quanto as aparições como projeções da
natureza da própria alma, não como algo objetivamente real. Se isso
acontece, a alma pode escapar do ciclo de nascimento-morte-reencarnação e
alcançar o nirvana.
Teorias científicas
A ciência não pode realmente explicar por que algumas pessoas têm
experiências de quase-morte. Isso não quer dizer que as explicações
científicas atuais estejam erradas, mas sim que as EQMs são complexas,
subjetivas e têm uma forte carga emocional. Além disso, muitos aspectos
das EQMs não podem ser testados. Não podemos fazer um teste para
determinar se alguém realmente visitou o céu e encontrou-se com Deus, ou
propositalmente colocar alguém à beira da morte para então
ressuscitá-la em laboratório para testar sua percepção extra-corpórea.
Apesar de tudo isso, a ciência médica oferece evidências atraentes
de que muitos aspectos das EQMs são de natureza fisiológica e
psicológica. Os cientistas têm comprovado que as drogas cetamina e PCP
(cloridrato de fenciclidina) podem criar sensações nos usuários que são
quase idênticas a muitas EQMs. De fato, alguns usuários pensam que estão
realmente morrendo enquanto estão sob o efeito da droga.
O mecanismo por trás de algumas dessas experiências estranhas está
no modo como nosso cérebro processa as informações sensoriais. Aquilo
que nós vemos como “realidade” ao nosso redor é somente a soma de todas
as informações sensoriais que nosso cérebro está recebendo em um
determinado momento. Quando você olha para uma tela de computador, a luz
da tela atinge as suas retinas e a informação é enviada para as áreas
apropriadas do cérebro, onde os padrões de luz são interpretados como
algo significativo – nesse caso, as palavras que você está lendo no
momento. Um sistema ainda mais complexo de nervos e fibras musculares
permite que o nosso cérebro saiba onde o seu corpo está em relação ao
espaço em redor. Feche seus olhos e levante a mão direita até que esteja
na altura do topo da sua cabeça. Como você sabe onde sua mão está sem
olhar para ela? Seu sistema sensorial permite que você saiba onde sua
mão está, mesmo quando seus olhos estão fechados.
Agora imagine que todos os seus sentidos estão funcionando mal. Ao
invés dos impulsos sensoriais reais provenientes do mundo ao seu redor,
seu cérebro está recebendo informações incorretas, possivelmente devido
às drogas ou alguma forma de trauma, fazendo com que seu cérebro fique
temporariamente imobilizado. O que você percebe como uma experiência
real é, na verdade, o seu cérebro tentando interpretar essa informação.
Alguns têm teorizado que o “ruído neural”, ou uma sobrecarga de
informações enviadas para o córtex visual cerebral, cria a imagem de uma
luz brilhante que aumenta gradualmente. O cérebro pode interpretar isso
como o ato de mover-se através de um túnel escuro.
Do mesmo modo, o senso espacial do cérebro é propenso ao mal
funcionamento durante uma experiência de quase morte. Novamente, seu
cérebro interpreta informações incorretas sobre onde está o corpo em
relação ao espaço ao redor. O resultado é a sensação de sair do corpo e
flutuar pelo quarto. Combinado aos outros efeitos do trauma e privação
de oxigênio no cérebro (um sintoma em muitas situações de quase morte),
isso leva à experiência resultante de flutuar no espaço enquanto se olha
para baixo para o próprio corpo e depois partir e flutuar através de um
túnel.
A sensação de paz e calma sentida durante as EQMs pode ser um
mecanismo que ajuda a lidar com o problema, desencadeado pelos níveis
aumentados de endorfinas produzidas no cérebro durante o trauma. Muitas
pessoas experimentam um senso estranho de desprendimento e falta de
resposta emocional durante eventos traumáticos (estejam ou não
relacionados a uma experiência de quase morte). Esse é o mesmo efeito.
As EQMs que incluem visitas ao Céu ou encontros com Deus poderiam
envolver uma combinação de vários fatores. Impulsos sensoriais
defeituosos, privação de oxigênio e euforia induzida por endorfinas
criam uma experiência surreal, embora realista. Quando a pessoa se
recorda da cena mais tarde, ela já passou pelo filtro da sua mente
consciente. Experiências bizarras que parecem inexplicáveis se
transformam em seres espirituais, outras dimensões e conversas com Deus.
As experiências de pessoas cujas aventuras fora do corpo permitem
ver e ouvir eventos que seu corpo inconsciente não seria capaz de
perceber, são mais difíceis de explicar. Contudo, é plausível que
pessoas inconscientes possam ainda registrar pistas sensoriais e
conhecimento prévio, e incorporá-los na sua EQM. Se isso é mais
plausível do que a alma da pessoa flutuando fora do corpo é uma questão
de opinião pessoal.
Obviamente, isso apenas arranha a superfície das explicações
possíveis para uma EQM. As EQMs parecem oferecer alguma esperança de que
a morte não é necessariamente algo a ser temido, nem é o fim da
consciência. Mesmo a ciência tem dificuldades para lidar com a morte - a
comunidade médica tem se debatido por décadas com definições
específicas para morte clínica, morte orgânica e morte cerebral. Para
cada aspecto de uma EQM, há pelo menos uma explicação científica. E para
cada explicação científica, parece haver cinco casos de EQM a
desafiá-la.
Relatos
I
“No momento mais desesperador, o pequeno quarto começou a se encher
de luz… a luz que entrou naquele quarto era Cristo; eu sabia porque um
pensamento foi colocado profundamente dentro de mim: ‘Você está na
presença do Filho de Deus’. Era uma presença tão confortante, tão alegre
e satisfatória, que eu queria me perder para sempre dentro dessa
maravilha. Junto com a presença de Cristo apareceu também cada episódio
único de toda a minha vida. Lá estavam eles, cada evento, pensamento e
conversa, tão palpáveis quanto uma série de fotografias… e então uma
nova onda de luz se alastrou pelo quarto que já estava incrivelmente
iluminado e subitamente nós estávamos em outro mundo. Ou melhor, eu
percebia ao redor de nós um mundo diferente ocupando o mesmo espaço… Do
mundo final eu só tive um vislumbre. E agora não parece mais que estamos
na Terra e sim muito, muito longe, sem nenhuma relação com ela. E lá,
ainda a uma grande distância, eu vi uma cidade, mas uma cidade… feita de
luz. Movendo-se entre as construções, havia seres tão fortemente
luminosos quanto Aquele que estava de pé ao meu lado”.
- George G. Ritchie Jr., após quase ter morrido devido a uma febre (trecho de “O vestíbulo”, de Jess E. Weiss).
III
“Você pode ter ouvido que morrer é desagradável, mas não acredite
nisso. Morrer é a sensação mais doce, terna e sensível que eu já
experimentei. A morte vem disfarçada de um amigo compassivo… é fácil
morrer. Você precisa lutar para viver”.
- Edward V. Rickenbacker, ás da aviação na primeira guerra mundial, lutando para viver após ter sido gravemente lesado em um acidente com um avião civil (em “O vestíbulo”, por Jess E. Weiss).
- Edward V. Rickenbacker, ás da aviação na primeira guerra mundial, lutando para viver após ter sido gravemente lesado em um acidente com um avião civil (em “O vestíbulo”, por Jess E. Weiss).
Fonte:misteriosdomundo
Psicografado por Schwanz